14 de junho de 2011

Críticas de Consumo #2 - Torchwood, série 1

Vou iniciar esta crítica dizendo o óbvio: a primeira série de Torchwood, spin-off de Doctor Who produzido pela BBC Wales, é fraca. Não se trata de 13 episódios de boa televisão. Nem sequer consegue ser por aí além de eficaz naquelas coisas básicas que vendem bastante: não tem muitas explosões, nem muito sangue, nem muito sexo. Tem algumas explosões, algum sangue e algum sexo, mas está bastante longe de ser eficaz entretenimento pipoqueiro "à americana". Apesar de ter sido criada pela genial mente que nos trouxe o reinício de Doctor Who, Russel T. Davies, o argumento desta série está muito, muito longe da qualidade desse outro grande sucesso da BBC. Mas haverá algum potencial debaixo de toda esta mediocridade?

Comecemos pelo início. Nos finais do século XIX a Rainha Victoria foi salva de uma tentativa de ataque de um lobisomem pelo último dos Time Lords, um extraterrestre conhecido somente como The Doctor. Para proteger a Terra de futuros ataques, a Rainha funda o Instituto Torchwood, uma organização secreta que opera acima do governo, para além da polícia e fora das Nações Unidas. 

A série passa-se em Torchwood Three, uma das sucursais do Instituto Torchwood, liderada pelo capitão Jack Harkness (John Barrowman), um viajante no tempo vindo do século 51. Sob o comando de Harkness, Torchwood Three opera de forma mais contida e dedica-se a monitorizar uma fenda espaço-temporal que existe em Cardiff, bem como a estudar e controlar todos os artefactos e formas de vida que por ela entram. O objectivo é obter conhecimento e tecnologia que permitam defender a Terra de ameaças futuras - porque o século XXI é quando tudo muda, e há que estar preparado.

Torchwood é uma série pouco variada. Tirando o primeiro e os dois últimos episódios, todos os restantes são muito formulaicos e seguem um repetitivo padrão em que um dos elementos da equipa comete um erro crasso (porque todos somos humanos, todos cometemos erros) e tem de ser Jack a resolver a situação, de uma forma fria, por vezes quase cruel mas quase sempre bastante eficaz. As personagens são totalmente unidimensionais, apesar de haver bastante tempo para as desenvolver. Afinal de contas, se cada episódio é centrado num dos protagonistas, certamente que poderia ter sido feito um melhor trabalho a levar o espectador a criar maior empatia com cada um deles. Na verdade, o que acaba por acontecer é que Jack, Gwen, Ianto, Owen e Toshiko parecem feitos de cartão, sem qualquer profundidade, ao ponto de, se quisermos ser um pouco redutores, parecerem anões saídos da história da Branca de Neve, cada um com a sua alcunha que o descreve na totalidade. Temos o Chato, a Destravada, o Patrão, a Crominha e o Ordinário.

Eles vão, eles vão, caçar aliens eles vão...
Juntemos a tudo isto um orçamento bastante baixo (e 95% dele deve ter sido gasto no último episódio, com um monstro gigante provavelmente ampliado por Rita Repulsa num qualquer episódio dos Power Rangers) que faz com que, visualmente, a série seja pouco apelativa; uma bastante desinspirada banda sonora (o genérico tem uma música extremamente irritante, ficam desde já avisados) e uma tendência para finais de episódio previsíveis e aborrecidos e pronto, temos a primeira série de Torchwood.

O potencial para algo de interessante está lá. A premissa tem o seu quê de cativante e é suficientemente aberta para permitir um leque de histórias muito variado. Há actores razoáveis no elenco (mas John Barrowman não o é por aí além, por muito bonito e carismático que seja – ou pelo menos não o demonstrou nestes primeiros 13 episódios) e um cérebro por detrás de tudo isto capaz de criar obras primas televisivas. Acontece que, nesta primeira série… pouca coisa resultou e o resultado final não é lá grande espingarda.


Veredito:
A série 1 de Torchwood é repetitiva, pouco interessante e não faz um bom trabalho a cativar o espectador e a interessá-lo o suficiente para o levar a ver o episódio seguinte. A ver apenas por fãs incondicionais de Doctor Who ou pelos mais corajosos que queiram apreciar melhor as restantes temporadas, que ao que parece são bem melhores que a primeira. Leva a classificação de 2 Alphas.

 /5

Sem comentários: